pergaminho


"A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil;
e o escrever dá-lhe precisão." Francis Bacon


sábado, fevereiro 08, 2003  

"O privilégio de ser estudante"

Qual é o privilégio de ser estudante? A questão é levantada hoje no DN, num texto da autoria de Fátima Barros.
O estudante é caracterizado pela falta de interesse e motivação e pela "arrogância, muitas vezes confundida com autoconfiança". Não posso concordar menos. Acredito que nos dias que correm os alunos estejam mais exigentes, por viverem num mundo em que o constante movimento, a inovação e a tecnologia os tenham feito crescer num espaço que se exige motivador, dinâmico e cativante. Mas que tem isto de mal?
Lembro-me de ver alguns professores estagiários, que me deram aulas no ensino secundário, a preparar com muito afinco as suas aulas, na tentativa de as tornar as mais ansiadas pelos alunos. Apresentavam cartolinas coloridas, contavam histórias, faziam-nos rir, ensinavam-nos coisas que nunca tínhamos ouvido e mantinham-nos ali, quase sem vontade de sair para o intervalo. No final, sabiam bem que tinham feito a mensagem passar, que enquanto ficávamos ali presos ao mundo que eles criavam, também ficávamos presos à necessidade de aprender mais sobre as coisas, de compreender melhor as matérias e, sobretudo, presos à vontade de ter mais aulas daquelas. Não estávamos ali "entretidos", como diz Fátima Barros. Estávamos fascinados.
Não me posso queixar de nenhum dos ciclos de ensino por que já passei, mas tenho de confessar que o choque de entrar num mundo tão diferente como o do ensino superior não foi fácil. As aulas impessoais, os grandes anfiteatros, as turmas de 70 alunos, as disciplinas tão estranhas. Não me atrevo a generalizar, como faz a autora do texto do DN. Muitos são os professores que se interessam pelo que estamos ali a fazer, pelo que procuramos, pelo que queremos ser, e muitas são as disciplinas que nos dão vontade de estar lá a aprender mais. Mas não raros são os casos em que o desinteresse e a falta de motivação partem exactamente de quem tem o conhecimento e devia estar ali pelo fascínio de o transmitir: os professores. Sermos olhados como tábuas rasas em que quase tudo está ainda por escrever é mais do que vulgar e também não me incomoda. Penso que esse é o mais correcto ponto de partida e, porventura, o mais estimulante. Que uns vejam isso como profunda ignorância, falta de interesse, capacidades e cultura, parece-me incrivelmente injusto. E é isso que vejo na opinião de Fátima Barros: uma profunda injustiça na generalização que faz porque alguns de nós não vêem a universidade como um posto ou estatuto social, mas sentem-na como um privilégio. E não somos tão poucos quanto isso. Conhecemos muito bem os recursos da sociedade empregues em nós (pelo que diz o texto, quase parece que são “desperdiçados” em nós) e compreendemos que o ensino tem de ser remodelado, devido às muitas falhas que tem. Mas não nos digam que o erro estrutural está em nós e que a mudança tem de começar por aí.
Queremos aulas estimulantes? Sim, queremos. Mas também exigimos “rigor no tratamento das matérias e conhecimentos sólidos”. Quanto mais não seja porque sabemos que só isso poderá servir de base a uma vitória num mundo que de apático, desinteressante e desmotivador terá muito pouco. Não é uma “cultura do facilitismo” e muito menos um processo de vitimização face a um sistema que nos violenta. Mais do que uma exigência, é uma expectativa que esperamos sempre não ver defraudada.

posted by sara | 3:34 da tarde

sexta-feira, fevereiro 07, 2003  

Os livros de ciência dizem que o mundo dá uma volta completa todos os dias. Eu arrisco dizer que o mundo gira muito mais do que garantem cientistas, astrónomos ou outros que se dediquem a olhar as estrelas. Pelo menos, o mundo das notícias.
Algumas semanas bastaram para desactualizar por completo o "Pergaminho". As notícias sucederam-se em todos os campos, a nível nacional e internacional.
Na ciência, a Clonaid anunciou mais nascimentos de bebés clonados, mas as informações continuam sem confirmação por parte de qualquer entidade independente.
No desporto, Andre Agassi e Serena Williams foram os vencedores do Open da Austrália e a Croácia sagrou-se pela primeira vez campeã do mundo de andebol, num torneio realizado em Portugal.
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos da América (EUA) cumpriram com o prometido e mostraram ao mundo as imagens e os argumentos que, segundo o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, provam que o Iraque continua a fabricar armas de destruição maciça e que há muito reatou o seu programa nuclear. O grupo de inspectores da Organização das Nações Unidas (ONU) afiançou não ter encontrado no terreno quaisquer vestígios daquilo que defendem os EUA, além de algumas ogivas vazias que serviriam para albergar armas químicas. O Iraque nega todas as acusações que George Bush tem feito sucessivamente e a comunidade internacional continua a não falar a uma só voz. Muitos defendem que o período de inspecções deveria ser alargado, enquanto que outros, os mais próximos dos Estados Unidos, consideram que há muito que acabou o tempo a conceder a Saddam Hussein. Um impasse que os mais críticos consideram esconder o facto de a guerra, na realidade, já ter começado.
Os EUA marcaram, de resto, a agenda mediática, com o acidente do Columbia. A nave da NASA desintegrou-se ao entrar na atmosfera, depois de ter completado algumas missões no espaço. A bordo seguiam sete astronautas, entre os quais o primeiro israelita. Os destroços do vaivém continuam a ser recolhidos, em busca de uma justificação para o sucedido.
Em Portugal, o escândalo da pedofilia na Casa Pia assumiu proporções inesperadas com a detenção de Carlos Cruz, porventura o mais mediático apresentador de televisão. O comunicador é acusado de estar envolvido em práticas de abuso sexual de menores e foi mantido em prisão preventiva. Com ele foram também presos João Ferreira Dinis, um médico que chegou a trabalhar na instituição, e Hugo Marçal, antigo advogado de Carlos Silvino ("Bibi") e o único a não ficar detido preventivamente. Por estar em segredo de justiça, muito poucos são os pormenores conhecidos de todo o processo. Televisões, rádios e jornais não têm parado de avançar pistas e provas, a maior parte delas desmentida veementemente por amigos e familiares dos detidos e pela própria polícia judiciária. A comunicação social volta, assim, a estar em foco, sendo alvo de muitas críticas por parte de elementos do sistema judicial, que consideram a sua actuação negativa para a melhor condução do processo.
O choque causado pelos últimos desenvolvimentos levou a uma procura desenfreada pelos jornais matutinos, que em poucas horas desaparecem das bancas. O “país dos bons costumes” mostra-se confuso com toda a informação e contra-informação, mas muitos preferem não acreditar no envolvimento daquele que durante tantos anos entrou pelas suas casas, de ar afável e bom humor.
Nos próximos dias, outros nomes igualmente conhecidos poderão ser indiciados, nomeadamente ligados ao futebol e à política, segundo avançam alguns dos envolvidos em todo o processo.
Estes dois últimos temas acabam por marcar a actualidade internacional e nacional, abafando muitas outras notícias e marcando as conversas um pouco por todo o lado. Daí que não se fale tanto nem dos apuros em que Paulo Portas poderá estar no caso da Universidade Moderna, nos protestos em relação à revisão curricular e ao pacote laboral e até mesmo nos dois plágios de Clara Pinto Correia que determinaram a sua suspensão da revista "Visão". São dois temas incontornáveis que seria imperdoável não referir neste weblog.
(Fotos: Ray Stubblebine, WorldNews e Portugal Diário)

posted by sara | 12:27 da manhã
: : ana machado : :
: : ana luísa oliveira : :
: : ana rita simões : :
: : glória rodrigues : :
: : rita neves : :
: : sara oliveira : :
arquivos
links
canais pergaminho

: : agenda cultural : :

: : desporto : :

: : trabalhos-jornalismo : :

: : universidade online : :









versão em inglês
(com falhas)

www.blogwise.com
Tire todas as suas dúvidas sobre blogs. Weblog Commenting by HaloScan.com