"Um país parado" é a frase mais ouvida da boca de trabalhadores e sindicalistas. A Greve Geral marcada para o dia de hoje estará a sortir os efeitos desejados, segundo números da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP). Esta central sindical conta com uma adesão à greve ao longo do dia a rondar os 90 por cento. Os números tornam-se particularmente preocupantes no sector dos transportes, principalmente para os funcionários de empresas privadas e todos aqueles que decidiram não deixar de trabalhar. Tudo porque os serviços mínimos definidos pelo Governo não estarão a ser assegurados na maioria das empresas. Em Lisboa, Metropolitano e Carris têm trabalhado em conjunto para providenciar transportes alternativos, sempre insuficientes. Uma fonte da Metropolitano confirmou esta manhã à RTP que não foi possível cumprir as ordens do Governo, pondo a circular dez carruagens no período da manhã, porque "nenhum funcionário apareceu para trabalhar".
No Porto, o recém inaugurado Metro também parou, a exemplo dos comboios da CP (Caminhos de Ferro Portugueses). Segundo fontes da Federação dos Sindicatos de Transportes Rodoviários e Urbanos à RTP, na Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) 97 por cento dos trabalhadores aderiram à greve, estando a circular apenas 17 dos 513 autocarros que o fazem diariamente.
Em Braga, ainda não há dados no que respeita aos transportes, mas a Rodoviária de Entre Douro e Minho estava referenciada na lista de serviços mínimos definida pelo executivo de Durão Barroso.
No que diz respeito à saúde, um dos sectores mais afectados, 72 por cento dos trabalhadores do Hospital de S. Marcos não foram trabalhar, dados divulgados à TSF por Américo Nunes, da Comissão Executiva da CGTP. Por todos o país, os serviços médicos têm mostrado alguma debilidade, que assume as maiores proporções no Hospital de Fafe, paralisado a 98 por cento, segundo a mesma fonte.
Do outro lado da barricada, Bagão Félix recusa os valores apresentados pela CGTP, mas avisa que não vai "cair na guerra dos números". Em declarações à TSF, o ministro do Trabalho afirmou que "o país está a trabalhar" e que desconhece quaisquer actos de violência ou pressão sobre os trabalhadores exercidos pelas empresas, denunciados esta manhã por Carvalho da Silva, dirigente da central sindical.